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A verdadeira Dona da Terra -Hamangai

  • Nina
  • 29 de mar. de 2021
  • 3 min de leitura

Mulher 24/30 #diariodealcova #mulherempoderada #mulher #mesdemarco #mulherindigena Hoje quem chega na festa é

, uma das verdadeiras donas dessa Terra, pertencente a tradicional familia brasileira. O mundo é repleto de diversidade e no Brasil não seria diferente. A jovem Hamangaí, de 22 anos, é um desses exemplos, uma vez que tem sangue Terena pela parte materna e Pataxó Hã-Hã-Hãe pela paterna. Sua avó era benzedeira e deixou um legado para toda a comunidade, trazendo inspiração, fé, coragem e sabedoria para a neta. Para completar, sua mãe é parteira. Hamangaí nasceu e cresceu na Terra Indígena Caramuru/Paraguassu, no município de Pau Brasil, Bahia. Há três anos saiu da aldeia e hoje faz Medicina Veterinária na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), contudo, sempre que pode volta para casa. Foi em sua primeira participação no Acampamento Terra livre em Brasília, em 2015, que sentiu a importância da luta dos povos indígenas e o quanto ela também precisava contribuir. Já em 2016, conheceu o Engajamundo, rede brasileira de jovens que dissemina mudanças em seus entornos. Foi convidada a entrar e hoje trabalha na área de Clima e Gênero da rede. Como parte da delegação do Engajamundo, em 2018 foi à Polônia participar da 24ª Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas (COP24). No ano seguinte, esteve em Roma participando do Villagio Ler La Terra, onde falou para jovens italianos da importância de se unirem em defesa da mãe Terra. Ainda no fim de 2019, foi à Suíça em cerimônia que reuniu jovens mulheres ativistas do mundo todo. “A luta maior é dentro de casa porque para a minha mãe certos espaços não é para a mulher. O meu pai me incentiva, mas minha mãe não. Isso me deixa mal, porque eu não consigo fazer outra coisa a não ser contribuir em algo. Motivar outros jovens e principalmente outras meninas. Eu nasci para isso. Estou organizando um encontro na minha aldeia para podermos compartilhar experiências e contribuir no protagonismo dos jovens locais em defesa do nosso território e direito. Quero muito que dê certo, pois é uma forma de motivar e encorajar outros jovens.” Pelo Engajamundo, a jovem liderança vai em escolas falar com meninos e meninas sobre o papel da juventude nas mudanças que almejam. “Essa mudança só vai ser possível quando nós reconhecermos que mudando a si mesmo e se engajando politicamente, os espaços de tomada de decisões, o nosso entorno e nossa realidade pode sim serem mudados. É trabalho de formiguinha, mas é muito importante. Muitos falam que o jovem é o futuro.” Sobre a mudança que precisa ser feita em relação a como a mulher é vista e tratada hoje, a Pataxó conta que já passou por situações constrangedoras. “Tive um professor que sempre trazia a mulher indígena como um ser exótico a ser explorado. Sem contar que a mulher é sempre deixada de lado, não botam fé no que propomos e tentam nos silenciar. Muitas guerreiras sofrem caladas. É preciso que todos reconheçam a força de nós mulheres. Não importa a idade. É preciso reconhecer essa força ancestral. Não queremos caminhar sozinhas. Os homens precisam caminhar junto conosco, porque só assim vamos avançar.” Ela também nota que as mulheres precisam ocupar os espaços políticos, ainda dominado por homens. “Nós temos essa força de poder eleger uma mulher e eu estou aqui para fazer esse papel de encorajamento e para que, quem sabe algum dia, eu venha ser uma vereadora também, ou prefeita. Tudo é possível, basta acreditarmos em nós mesmas.” Outro sonho de Hamangaí é conhecer a pajé Putanny, do povo Yawanawa, localizado na Amazônia Acreana. Putanny quebrou o machismo dentro de sua aldeia e trouxe autonomia para as mulheres, além de abrir espaço para também acessarem práticas espirituais como rapé e ayahuasca. “Espero muito que algum dia ninguém mais sangre por lutar pelo que acredita e para isso o autocuidado ele precisa ser diário. Fortalecer nosso espírito para que possamos seguir com sabedoria na luta.”

 
 
 

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