29 de janeiro dia da visibilidade Trans
- Nina
- 26 de jan. de 2022
- 3 min de leitura
Atualizado: 20 de jun.
Em 2020, segundo dados registrados pela 'Trans Murder Monitoring', 124 pessoas transexuais foram mortas no Brasil apenas nos primeiros nove meses do ano, o colocando, desse modo, no inglório topo do ranking dos mais violentos para essa parcela da população pelo 12º ano consecutivo.
Apesar das conquistas de décadas de luta e ativismo, a transfobia, a falta de oportunidades pelo mercado de trabalho, a rejeição pela própria família, a impunidade para atos violentos, e o continuo discurso de ódio disseminado por pessoas que, supostamente, deveriam proteger, ainda são uma dura realidade da nossa sociedade e que continuamente precisam ser enfrentadas.
Mulher Pepita
"Primeiro que não vivo somente um dia, eu e milhões de meninas igual a mim vivemos o ano inteiro. Sendo apontadas, julgadas e diminuídas. E o mais engraçado é que essas pessoas que fazem isso com a gente não sabe o que a gente passa pra conseguir um emprego, pra sair na rua e pra conquistar um lugar ao sol. Eu não quero ser lembrada somente uma vez no ano, queremos o ano inteiro. Quero ver uma trans trabalhando no shopping, no escritório de advocacia. Me atendendo no aeroporto, como modelo em agências de modas, apresentando programa e muito mais. Nós temos força, garra e capacidade pra chegar onde quiser, da forma que quiser. Lembre-se: NÃO VIVEMOS SOMENTE ESSE MÊS, só quero o que é meu ops, NOSSO!".

Majur
Porque ainda não estamos em todos os lugares da sociedade, ainda não ocupamos todos os espaços. Enquanto isso não acontecer, sim, este dia deverá ser memorável -- assim como todos os outros. Estamos na luta resistindo e pedindo para que as pessoas entendam e compreendam a diversidade na sociedade. Deve haver todos os tipos de pessoas em todos os espaços. Além disso, quando concentramos a conscientização em um dia parece que a responsabilidade fica toda em cima daquele momento, mas se não tivesse nem esse dia a gente não estaria aqui, não falariam de nós".

Neon Cunha
“O Dia Nacional da Visibilidade Trans, isso é muito importante pontuar, ele não é só o dia da visibilidade trans, ele é o dia nacional da visibilidade trans, constituída no Brasil em 2004, junto ao senado, junto ao gabinete da presidência, com a campanha ‘Travesti e Respeito’. Isso foi muito importante porque essa parcela da população vinha sendo submetida - ainda é submetida - a uma grande marginalização, uma exclusão dos processos sociais, como direito à escola, educação, direito à saúde integral, direito ao trabalho, direito ao ir e vir, direito à dignidade da pessoa humana. Quando diz a terminologia ‘Travesti’, embora ela também seja um processo do colonizador, a ressignificação dela no Brasil potencializa o movimento social organizado. É importante dizer que eu não me reconheço na categoria ‘Travesti’, me reconheço na categoria mulher trans, porque abarca todas as identidades não cis gêneras das mulheridades. Então, ambas as posituras tem conotação política para mim e demarcadas, embora as duas palavras se fundem em algum momento, representam a mesma coisa, houve um período em que as travestis diziam: para além desse gênero, como inúmeras identidades femininas pelo mundo, ao longo da história da humanidade. A importância é da visibilidade, da construção da dignidade, dentro de uma perspectiva mais humanizadora, e também acho muito importante que um veiculo como a Vogue, que eu leio desde os 12 anos - foi a primeira revista que tive o prazer de ter nas mãos - esteja engajado nesse processo”. @neoncunha
Magô Tonhon
"Por que é importante apoiar pessoas trans e travestis? Porque um dos pontos mais relevantes além de visibilidade, reconhecimento y protagonismo diz respeito a falta de oportunidades de trabalho e empregabilidade, tornando os acessos as demais instituições ainda mais precários para as populações trans e travestis. Também porque assim como tem se intensificado a conscientização acerca do racismo e da branquitude é também importante dizer quando falamos de pessoas trans estamos falando de corpos e identidades de gênero que são marginalizadas por não serem cisgênero. Cisgênera é a pessoa que se reconhece com o gênero designado ao nascer. O que é visibilidade? Uma data é uma data, apenas. Visibilizar é o contrário de invisibilizar que é tornar invisível, apagar. É preciso reconhecer que as vidas trans e travestis no país que mais mata pessoas trans no mundo inteiro, país este em que estamos inseridos, são submetidas a duros regimes de invisibilidade de suas existências e potências. Este não é um processo natural, mas social e culturalmente produzido. Você sabia que as identidades de gênero trans e travestis foram durante quase 30 anos consideradas doenças pelos códigos internacionais de doenças? E que só foram retiradas de lá há pouco mais de um ano, depois de muita ação e reivindicação por direitos? Y ainda que tenham sido retiradas são oficialmente consideradas “incongruentes de gênero”

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