A auto estima do homem hétero
- Nina
- 31 de jul.
- 3 min de leitura

Todo mundo tem visto nas redes sociais diversas trends sobre a autoestima dos homens héteros, e o algoritmo acabou me mostrando algumas pesquisas e dados alarmantes.
Saber que grande parte das mulheres se vê de forma inferior — e, quando comparadas aos homens, se sentem “menos” — é assustador. Isso vale tanto para a aparência física, por não se acharem bonitas ou atraentes (e aqui, faço um adendo: conheço um tanto de mulher gatíssima do lado de Jurandir que se sente inferior aos caras, mesmo sendo infinitamente mais interessantes), quanto no sentido de não se sentirem capazes — seja no trabalho ou nas tarefas do dia a dia. É realmente preocupante.
E não estou aqui fazendo apologia ao culto da beleza ideal — longe disso. Para mim, ideias de beleza estão entranhadas com características intelectuais, sociais e ideológicas. Um corpo, por si só — opinião minha — é só uma embalagem chamativa, que sem conteúdo, acaba vazia.
Muitas mulheres se enxergam como feias ou inadequadas de forma distorcida, enquanto muitos homens, mesmo aqueles com aparência considerada mediana, se veem como mais atraentes do que realmente são. Essa diferença de percepção é impressionante — e não é natural. Foi colocada na cabeça das mulheres durante séculos, moldada por padrões estéticos\sociais inalcançáveis e por discursos que minam sua confiança desde muito cedo.
No ambiente profissional, a disparidade continua gritante. É comum que uma mulher só se candidate a uma vaga quando atende a 100% dos requisitos, enquanto um homem, mesmo preenchendo apenas 60% das exigências, sente-se apto — muitas vezes até para cargos mais altos do que o anunciado.
Esse padrão é resultado de uma construção social que reforça a autoconfiança nos homens desde a infância, enquanto coloca dúvidas constantes na mente das mulheres sobre sua capacidade, seu valor e seu lugar no mundo.
Tenho uma porrada de amiga foda que aceita migalhas de caras escrotos e permanecem em relacionamentos de subserviência porque não conseguem se imaginar fora de uma relação. Mulheres incríveis que foram diminuídas diariamente desde muito novas e que, por isso, acreditam que o Jurandir da vez é perfeito — e que elas deveriam agradecer por ter a “oportunidade” de estar com alguém como ele.
Essas mulheres trabalham, se sustentam, estudam, cuidam dos filhos, da casa, e ainda cuidam do Jurandir em questão. E mesmo assim, se sentem aquém. Sentem que estão sempre devendo algo, que nunca são boas o suficiente — nem pra eles, nem pro mundo, nem pra elas mesmas.
Pra várias delas, eu já disse uma, duas, mil vezes a mesma coisa: se valorizem, se amem acima de tudo. A primeira pessoa que você deve amar é a si mesma, e o resto vem como consequência. Mas a real é que só conseguiram sair desses relacionamentos doentios com esses homens quando colocaram a terapia na vida delas.
Não, não fui eu a responsável. Grande parte delas só deu ouvidos às palavras de alguém de fora — uma terapeuta, uma profissional, uma escuta neutra. E tá tudo bem. Porque às vezes é isso que a gente precisa: um espelho diferente, que mostre quem somos de verdade, sem o peso do julgamento ou da intimidade.
E os Jurandires? Ah, esses continuam se achando por aí — com seus comportamentos validados por uma enxurrada de cartilhas Red Pill, Trad Wives, e conteúdo misógino disfarçado de “verdade absoluta”. Tudo isso embalado numa religiosidade deturpada, que reforça o machismo tóxico e diminui as mulheres em nome de uma “ordem natural” que só serve pra manter os privilégios deles intactos.
E assim, muitos seguem blindados contra qualquer autocrítica, com discursos prontos pra justificar o injustificável — enquanto as mulheres se culpam, se anulam e tentam carregar nas costas o peso de um relacionamento que só existe às custas da liberdade delas.
Nina
Escrevendo com roupa porque o assunto é chato.

ps.: Tem um tanto de cara que parece com ele aqui na minha cidade acho que têm o mesmo cirurgião...
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