Gorda???

Você me chamar de gorda não te torna mais bela.Não melhora a sua autoestima.Não te faz melhor que ninguém.Muito menos melhor do que eu.

Ao depreciar o corpo alheio, você não apaga anos da sua não aceitação...

Até entendo que a sociedade te ensinou a ver o meu corpo como fora de um padrão.Te ensinou a rotular como feio.Mas é possível que você me veja novamente — quero que me veja com um novo olhar.Ao final, espero que entenda: existem corpos diversos — gordos, bonitos, gostosos e amados.

Para começar, sugiro que tire da sua boca o argumento de que o meu corpo não é saudável.Isso foi só mais uma coisa que te enfiaram goela abaixo.Te garanto: estou em dia com meus exames — e por aqui, está tudo ok!

Sim! Meu corpo tem mais curvas do que a maioria considera bonito.Mas estou em paz com a balança há muito tempo.Na verdade, não me permito subir em nenhuma delas,Para que elas não me escravizem mais.

Meu corpo carrega marcas por muitos odiadas:Celulites, varizes, cicatrizes e rugas...Algumas foram provocadas pelo tempo,Outras pelo ganho de peso,E outras — de alguma forma — fui eu mesma quem provocou.

E, para mim, está tudo bem.

Cada marquinha define meu eu.Não quero que se apaguem de mim.Não quero me esquecer das cicatrizes,Nem substituí-las por nenhuma tentativa de perfeição.

Me sobram marcas — e sobram histórias.

E digo mais:Não ouso mais cobrir meu corpo,Nem o apertar com cintas.Quando me dispo para mim mesma,O que o espelho reflete está do jeitinho que tem que estar.

Não mutilarei meu corpo por nenhum padrão —Seja o seu, seja o da moda atual.Não mirrarei minha grandiosidade para agradar o que agora se define como belo.

Sou bela à minha forma.

E a forma de eu ser bela

É a forma redonda.

Nina