O prazer feminino.
- Nina
- 22 de jul. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 8 de jul.
Baixa libido, falta de estímulo na relação sexual, insegurança, alterações na excitação, desconhecimento corporal, pensamento difuso, culpa, machismo, preconceito, tabus, doenças, disfunções sexuais e estresse. Essas são, segundo muitas mulheres, as causas mais comuns da ausência de prazer nas relações sexuais.
Agora me diga: qual desses problemas depende exclusivamente da mulher para ser resolvido?A grosso modo, talvez um ou dois. Mas se pensarmos em como todos estão interligados e se retroalimentam, fica fácil perceber que aquela velha frase — “relaxa e goza” — é quase uma piada. Uma frase pronta que ignora camadas profundas, estruturais e históricas.
Falar de sexo — especialmente quando o assunto é prazer feminino — ainda causa espanto, desconforto, julgamento. Em pleno 2020 (e eu ouso dizer que em 2025 também), sexo continua sendo tratado como tabu. A sociedade ainda não entendeu que falar de sexo é também falar de saúde?
Além da função biológica e de todos os benefícios físicos e emocionais (sim, a lista é extensa — posso escrever sobre isso depois, só pedir), existe o fator prazer. E esse é um dos aspectos mais negligenciados — e muitas vezes autocensurados — pelas mulheres.
Qual o problema em gostar de transar? Qual o problema em falar que gosta de transar? Qual o problema em ter prazer ao transar?
Esses “problemas” foram colocados na nossa cabeça desde sempre. Pela sociedade. Pela família. E, sim, pela grande vilã: a religião.Nem quero entrar hoje no mérito de por que a igreja resolveu dar palpite em como a gente deve trepar (rs). Mas o que precisa ficar claro é o quão nocivo isso tem sido para a vivência plena da sexualidade feminina.
O sexo, que é uma das experiências mais intensas da vida e o que garante a perpetuação da espécie, não pode ser motivado apenas por reprodução. Esse discurso arcaico, que tenta manter as mulheres “na linha”, já foi — e continua sendo — duramente questionado. Ainda bem!
Mas é difícil relaxar e gozar com tanta coisa na cabeça. Com tanta cobrança sobre o que podemos ou não fazer. De um lado, ouvimos que é pecado. De outro, que se a gente não fizer, “o marido procura na rua”. E aí eu pergunto: quem pergunta o que a gente quer fazer?Pouca gente.
E isso, minha gente, é só a pontinha de um iceberg. O machismo — e todas as suas consequências — é também um dos grandes responsáveis pela falta de libido feminina. A forma como muitos homens enxergam o sexo está diretamente ligada à deseducação promovida pela pornografia mainstream. Vejo homens esperando transar “daquele jeito” com “aquela mulher” — e, na hora H, não sabem nem por onde começar. Não sabem tocar, não sabem ouvir, não sabem estar.
E não, aquilo que assistem nos vídeos pornôs não é real. Aquela boneca siliconada, sem pelos, com a buc@ta desenhada à laser e gemendo em sequência coreografada... é um produto da indústria machista. Aquilo ali não representa o sexo real — e muito menos as mulheres reais.
Além da pressão de sermos sexualmente ativas sem que ninguém saiba, ainda temos que transar como atrizes pornôs — sem ganhar nada por isso. Nem prazer.E os estereótipos seguem, um atrás do outro. Nenhum deles feito para nos beneficiar.
O papo não acabou. Na verdade, ele está só começando.
Espero que esse texto te provoque, te faça refletir e, quem sabe, abrir espaço dentro de você pra libertar o seu prazer. Porque a fase dois, minha amiga, vem aí — e você merece muito mais.
Com a coragem de quem escreve sem calcinha.
Nina

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