Tamanho é documento?!!?

Tentando lembrar as matérias que existiam no falecido Diário de Alcova (.zipnet) e pensando por onde começar a esquentar de novo, me veio à memória uma das postagens mais pedidas e comentadas da época: “O Tamanho do Gervásio”.

E cá estou, anos depois, ainda pensando no tabu que cerca o assunto.

Sério mesmo que ainda precisamos discutir isso?

Infelizmente, sim. E é até meio deprimente. Grande parte dos homens que conheço vive insatisfeita com o tamanho do dito cujo e, pasmem, muitos ficariam genuinamente felizes se ganhassem uns cinco centímetros extras de piroca — como se isso fosse mudar radicalmente sua performance (ou autoestima).

Por mais que ouçam de parceiras (ou parceiros) que o tamanho não é tudo — e que o famoso “pequeno espertalhão” existe, sim — é como se o que falamos fosse automaticamente invalidado por aquele velho e cansado discurso: quanto maior, melhor.

O que, convenhamos, levanta a real pergunta: o prazer feminino está sendo levado em conta nessa equação?Porque a verdade é que muitas mulheres preferem tamanhos medianos (sim!) e, mais importante ainda: preferem quem sabe exatamente por onde e como o membro deve passear.

A idolatria dos grandes pênis tem raízes profundas numa cultura falocêntrica, onde o sexo sem penetração ainda parece inconcebível para muita gente. Isso, somado ao desserviço dos filmes pornôs, que criaram um padrão visual bizarro e inalcançável, reforça a falsa ideia de que só há potência no que é descomunal.

Resultado? Homens inseguros, mulheres insatisfeitas, e uma conversa que gira em torno de centímetros, ignorando o que realmente importa: conexão, escuta, presença e repertório.

Sim, eu poderia listar aqui as inúmeras vantagens dos pênis médios e pequenos. Mas convenhamos, essa conversinha deliciosa fica pra outro post.

Por ora, deixo só essa cutucada: o problema não é o tamanho do Gervásio, é a ausência de criatividade, humildade e atenção.

Com afeto (e ironia),Nina

(@carol.alessandra.9)