Insegurança feminina
- Nina
- 10 de jan. de 2022
- 3 min de leitura
Atualizado: 20 de jun.
Qual insegurança?
Juro que esse texto foi refeito mais de cinco vezes, porque toda vez que penso em insegurança feminina, mil e uma coisas povoam a minha cabeça. Qual insegurança? Temos tantas…
A insegurança de não sermos aceitas.De não estarmos fisicamente bem.De não nos encaixarmos em padrões.Inseguranças de vida... e até da morte.
A única conclusão a que cheguei é que a palavra insegurança quase sempre vem acompanhada da palavra medo.
Veja bem: quando uma mulher se sente insegura com o próprio corpo, ela tem medo. Medo de não se encaixar em um padrão, de não ser aceita, de não ser escolhida por outro. Quando ela se sente insegura no casamento, o medo aparece de novo — medo de ficar sozinha, de ser traída, de não satisfazer o parceiro, de não se bastar financeiramente...
De forma simples e direta, percebo que, na maioria das vezes, nossas inseguranças estão entrelaçadas aos nossos medos.
E não se sentir segura é uma realidade compartilhada por quase todas as mulheres na sociedade em que vivemos.
Desde cedo, uma criança do sexo feminino é protegida dos olhares masculinos. É ensinada a temer os homens fora do círculo familiar — especialmente os “estranhos”. Mas é preciso pontuar: a maioria dos abusos físicos, sexuais e psicológicos são cometidos por pessoas conhecidas, muitas vezes por familiares.
O medo não diminui com o tempo. Pelo contrário, cresce e se transforma. Passamos a ouvir frases como:“Não fique sozinha com quem você não conhece.”“Não aceite bebidas.”“Nunca entre no carro de estranhos.”
Como se ontem, hoje e sempre, os “estranhos” fossem os únicos causadores das nossas dores…
E aqui, faço uma pausa e pergunto:
Se ensinamos a temer o “estranho” por ser de fora, por que obrigamos nossas crianças a conviver com o “de casa”, mesmo quando nos sinalizam desconforto com essa pessoa?
Por que ignoramos quando dizem “não quero abraçar”, “não quero beijar”, “não quero ficar sozinha com ele(a)”?Por que anulamos seus sentimentos dizendo: “É da família”, “É mais velho”, “A mamãe/papai gosta dele(a)”?
Ensinamos que elas devem tolerar o intolerável.Ensinamos, erroneamente, que o amor da família vem antes de qualquer coisa — mesmo quando esse amor machuca.
Já pensou em ouvir o que seu(sua) filhx tem a dizer sobre quem não quer conviver?Já pensou que você também o(a) machuca quando não respeita suas escolhas?
Machucamos nossas filhas de muitas formas.Quando exigimos que se encaixem em padrões sociais — de beleza, de comportamento, de recato, de decoro — mesmo que isso custe sua saúde física e mental.Quando ensinamos que casamento e maternidade são os únicos caminhos possíveis.Que esse é o “natural”, o “esperado”.Que, assim, estarão protegidas por um marido.Que, assim, não estarão sozinhas.
Sério?
E onde eu quero chegar com tudo isso?
Se somos nós, mulheres, que tantas vezes ensinamos o medo…Se somos nós que perpetuamos as inseguranças…Então também podemos — e devemos — ensinar a força.
Devemos mostrar a cada menina o tamanho que ela tem.Devemos falar a cada mulher sobre a potência que é ser mulher.Esse é o meu desafio — e agora, é o seu também.
Te desafio a revolucionar.Te desafio a olhar para uma menina e mostrar a ela só a sua grandeza.Te desafio a dizer a uma mulher apenas uma verdade:ser mulher é força, é escolha, é liberdade.
Para que, no futuro, o único medo que reste...seja o medo de voar.
Nina
@carol.alessandra.9

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